Advento
Eis o momento de Luz. "Voz que clama do deserto: Preparai o caminho do Senhor" (Mt 3,3). A Coroa de Advento. Não se trata de um elemento venerativo, mas de um símbolo importante que antecede o momento festivo da data magna. E' dos símbolos natalinos o mais significativo depois da árvore de Natal. Sua apresentação, popularizou-se nas formas mais criativas: redonda; quadrada; linear; em palha seca; em ramos; com flores; e dispostas nas portas e janelas; vitrines comerciais e mesas. Simplesmente para alegrar e enfeitar. Mas seria apenas para enfeitar ou teria algo mais em seu significado? Ela é construída a partir de um aro de sustentação, um anel como uma aliança. Este "aro" faz recordar a união, a aliança de Deus com os homens. (Gn 9, 11-13) "porei nas nuvens o meu arco; será por aliança entre mim e a terra". Lembra a aliança de Jesus na Santa Ceia: (Lc 22, 19-20) "depois de cear, tomou o cálice dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue...". Sim, uma aliança de paz, comunhão e amor entre os homens. A este arco, unimos uma quantidade grande de ramos, através de um fio; um arame, forte o bastante para sustentar esta união; forte o bastante como nossa fé que nos une e mantém em Cristo, assim como Jeremias disse: (Jr 50, 5b) "vinde unamo-nos ao Senhor, em aliança eterna que jamais será esquecida". Estes ramos são ciprestes, verdes e exuberantes e de aroma suave. O cipreste é citado na Bíblia, como exemplo revigorante: (Is 55,130) "em lugar de espinheiro crescerá cipreste... e será para a glória do Senhor". Ou ainda, (Os 14,8) "eu te ouvirei e cuidarei de ti; sou como o cipreste verde; de mim se acha o teu fruto, diz o Senhor". Cada ramo destes, por pequeno que seja, representa uma vida; a sua, a minha, a do pobre e a do rico. Mas, observe: colocamos também ramos de videira e galhos secos e, alguns enfeites. Cristo diz: (Jo 15, 1-10) "eu sou a Videira, vós sois os ramos". Almejemos ser estes ramos de aroma suave, que produzem frutos de amor, de fé e comunhão. E os galhos secos nos lembram as palavras do Senhor: "todo ramo que estando em mim não der frutos ele (o Pai) o corta; e todo aquele que der fruto, limpa, para que produza mais fruto ainda" (Jo 15,2). Depois de montada com os ramos, a envolvemos com uma fita vermelha. Esta fita simboliza o ato da aliança pelo sangue de Cristo, que nos enlaça a cada Ceia, na remissão dos nossos pecados. Que mesmo havendo aquele "arame da união", nos mantém unidos e seguros. Observe os pratinhos, que sustentam as velas. Tão insignificantes! Estes simbolizam o sustento da vida, assim como no Salmo 54, 4: "eis que Deus é o meu ajudador, o Senhor é quem me sustenta a vida". É bom saber que nossas vidas têm Deus e Seu amado Filho como amparadores. As velas geram luz e resplendor. Significam a Vida por excelência. Não faltam citações na Bíblia para esta simbologia: (Jo 1, 1-5) "e a vida era a luz dos homens"; (Mt 5,14) "vós sois a luz do mundo". E somos constantemente lembrados e exortados: (Jo 12,36) "Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da Luz". Viver na Luz, é entregar-se à vida como um sol que nasce e se põe, mas brilha sempre. Os enfeites são pequenos símbolos que mostram o quanto somos amados por Deus que nos enriquece a vida com tantas coisas belas, com tanto carinho, com tanto amor. São as marcas das "Belezas do Criador" nas veredas pelas quais caminhamos. A Boa Nova: Cristo veio, vem e virá. Pois é, não bastam tantos símbolos contidos em nossa coroa, que querem nos lembrar de tantas mensagens antecedendo ao Natal. Que querem lembrar o verdadeiro sentido desta vida que Deus nos concedeu. Advento é momento de reflexão, de revisão, de busca do perdão. É momento de preparar-nos para o que haverá de vir em plenitude de glória. "Voz que clama do deserto: Preparai o caminho do Senhor" (Mt 3,3). No primeiro Advento, acendemos a primeira vela. (Mq 5, 2) "E tu Belém, Efrata, pequena demais... de ti sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da Eternidade". A boa-nova profética da vinda do Messias. No segundo Advento; no segundo domingo surge mais uma luz a brilhar: (Lc 1,19) "O anjo traz as boas-novas de Zacarias, anunciando um filho que será o precursor de Cristo, a voz que vem do deserto... João Batista". Aquele que nos conclama à preparação, à acolhida. No terceiro Advento. Ah! A terceira vela é acesa e anuncia antecipadamente: (Lc 2,10) "eis aí vos trago boa-nova... é hoje que vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador". Polêmica antecipação? Ou remete-nos à anunciação de um fato já realizado? Cristo nos nasceu. Preparemo-nos ao memorial da Graça. No quarto Advento. Sim esta é última vela, sem que seja a última luz... (Hb 4,2a) "porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles...". Fato vivido, fato narrado. O testemunho de ontem através dos tempos até nossos dias. "Deus se revela a nós através da história", a história de cada pessoa individualmente; de cada povo... de cada época. E depois, vem o Natal... (só depois!). Especulações sobre um fato real já vivido? Cristo veio, vem e virá. Estas boas-novas, hoje, significam não apenas ver belos enfeites, lindos presentes, antecipar ou abreviar fatos... Mas, enxergar a verdadeira mensagem de Deus. Estar atento ao significado de cada símbolo presente nesta época. Estar atento ao verdadeiro sentido da vida que Deus nos confiou, para sabermos administrá-la num permanente "Advento" no testemunho do viver em Cristo. Tenhamos portanto, em nossos corações esta Coroa da Aliança e da Boa-Nova, que junto com a "Coroa do Calvário" selam o verdadeiro sentido do Natal. |
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